- Karla J. Silva-Souza e Alexandre F. Souza
Pesquisa brasileira descobre que efeito da mudança climática nas florestas depende do histórico de p

Paisagem da Mata Atlâncita na Serra Gaúcha, Rio Grande do Sul.
Dois pesquisadores brasileiros, Alexandre F. Souza (UFRN) e Solon Jonas Longhi (UFSM) publicaram uma pesquisa na revista científica britânica Ecology and Evolution [1]. A pesquisa avaliou a resposta da dinâmica da Mata Atlântica a mudanças no clima. Entre os principais resultados estão:
1) O clima do extremo sul da Mata Atlântica, no nordeste do estado do Rio Grande do Sul está mudando. Os pesquisadores analisaram dados climáticos dos últimos 100 anos e descobriram um aquecimento e aumento da quantidade de chuvas no clima da região, que é temperado subtropical.
2) A composição e espécies foi muito diferente entre florestas que haviam sofrido corte seletivo de árvores comerciais no passado e aquelas conservadas, que nunca sofreram perturbações.
3) Ao longo dos 9 anos do estudo, porém, as mudanças na composição foram mínimas, indicando que as florestas que sofreram o distúrbio da extração madeireira não estão passando por uma sucessão ecológica para recuperação das espécies perdidas.
4) A biomassa contida nas árvores cresceu durante o período de estudo, mas cresceu mais nas áreas conservadas que nunca sofreram extração, devido à presença das araucárias nestas áreas. O aumento de biomassa corresponde ao que tem sido previsto para o aumento de CO2 na atmosfera.
Como as araucárias foram removidas das áreas que sofreram extração e suas populações não se recuperaram mesmo depois de 55 anos, isso mostra como a remoção de espécies pioneiras de vida longa como as araucárias podem impactar a resposta da Mata Atlântica às mudanças climáticas.
5) As florestas que sofreram extração de madeira há décadas atrás ainda tem menor diversidade funcional e falta de grupos ecológicos inteiros como pioneiras, pioneiras de vida longa e araucárias.
Os pesquisadores recomendaram um manejo ecológico capaz de promover a recuperação dos grupos ecológicos de árvores que tem tido dificuldade de recuperação nas áreas que sofreram extração.
Acesse o artigo na íntegra no endereço:
A pesquisa foi financiada pelo CNPq [2] com recursos públicos, e os dois pesquisadores trabalham em Universidades Federais.
Referências
[1] Souza, A.F., and Longhi, S.J. 2019. Disturbance history mediates climate change effects on subtropical forest biomass and dynamics. Ecol. Evol. 00: ece3.5289. doi:10.1002/ece3.5289.
[2] Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, órgão do Governo Federal.
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